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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Seu trabalho é chato? Há outros piores que o seu...

No carro, a gente vê um trânsito caótico, com esses engarrafamentos infernais nas rodovias, coletivos abarrotados de passageiros, num vai e vem da vida rotineira. Esses protagonistas que pintam tais cenas são trabalhadores que enfrentam cada dia de transtorno nos transportes para chegar ao seu trabalho, claro que uns vão à faculdade, escolas, ao médico, outros vão visitar a família, mas a maior parte vai trabalhar.

No carro, ao som de uma música na JB-FM, sim, eu ouço esta estação para ouvir informações do panorama e me informar como está a Avenida Brasil. Naquele momento, ouvindo um bom som, vi um homem em seu labor de colar cartazes no outdoor. Cena simples não? Não! Não é simples assim. Simples é estar no carro ouvindo música na comodidade de estar sentadinha, enquanto, uns estão em pé no empurra-empurra nos ônibus, trens, metrôs... E aquele homem debaixo do sol, suando, numa escada fina correndo o risco de cair (a escada era de madeira e torta) estava ali, executando seu trabalho pacientemente.

Esta cena me chamou atenção porque, embora reclamemos dos nossos trabalhos, ele estava ali colando os cartazes, sem se queixar. Leitor, você pode dizer que ele foi muito bem pago para isso e que tem uma família pra sustentar. Graças a Deus! Mas a questão aqui é outra: este trabalhador em sua função árdua – qualifico de árdua porque eu no lugar dele estaria morta – é despercebida por muitos, bem a palavra adequada seria desvalorizada, porque um trabalho de colar cartazes é “moleza”... Para quem vê de longe. Não só esse trabalho, mas há muitos por aí que pra gente parece fácil, mas que na realidade é bem cansativo, duro e pesado. Só esses heróis para fazê-los.

Uns reclamam de suas profissões de carteira assinada e muito bem qualificada, e essas pobres criaturas como o “colador” se contentam com o que tem. Pode ser que eles reclamem também, mas são reclamações esperadas e concretas (baixos salários, desvalorização do trabalho, temporariedade, sem direito aos planos de saúde em alguns casos...).

Muitos reclamam de barriga cheia. A classe trabalhista como a desse homem, se reclamam, tem motivos.

O que seria dos publicitários sem esses seres para colar cartazes de anúncios de algum produto ou daqueles que ficam nas ruas entregando papelzinho nas ruas para ganhar alguma clientela ao serviço que estão divulgando? O que seria das empresas que criam esses produtos se não tivessem a divulgação, ou melhor, os divulgadores (não falo dos publicitários, mas sim dos que fazem a publicidade chegar às ruas)?

Essas pessoas merecem todo nosso reconhecimento e respeito, porque estão ali para ganhar um din-din que dê para atender as necessidades, pelo menos as básicas.

Pobres seres... Não?

Grandes seres! São grandes porque se sujeitam ao tipo de trabalho temporário, sem direitos trabalhistas em alguns casos, mas que de um jeito e de outro são os coadjuvantes de certo trabalhos (no caso deste homem, da divulgação do produto) e, quem sabe da economia, mas aí já é outro assunto.

Ainda bem que o que ganho atende as minhas necessidades urgentes e as futilidades que correspondem 2/3 do salário, eu acho, pois meu trabalho não é tão ruim assim, às vezes estressante, mas em comparação ao do homem (que não pode se dar ao luxo de satisfazer alguma futilidade) que vi, o meu é confortável demais.

Bem, só nos resta agradecer a estas pessoas em seus trabalhos desvalorizados já que são os únicos que se sujeitam a tais tipos de trabalhos e torcer que a situação deles melhore e, claro, que o Brasil mude esse cenário em prol destas criaturas que são tratadas sem valor, isso é, se existe algum tipo de tratamento com eles.

Engraçado... Admito que fui e acho que sou também dessas que não percebem a existência destes seres, mas bastou um engarrafamento para olhar para um lado e ver um anônimo trabalhando arduamente e pacientemente. Será que o mundo precisa estar num engarrafamento para ter consciência e ser consciente de algo?